sexta-feira, 2 de outubro de 2009

“FILOSOFIA MODERNA”

Uma caminhada das trevas à luz?

RESUMO

Português:

Um breve relato de algumas das características principais da Filosofia Moderna e Iluminismo e a ótica desses do homem e da sociedade, questionando a realidade da afirmação que a modernidade de fato seja um trajeto da humanidade das trevas à luz.

Palavras-chave: Modernidade, Iluminismo, razão, perfectibilidade, liberdade, homem, sociedade.

ABSTRACT

English:

A brief description of some of the principal characteristics Modern Philosophy (modernity) and the Enlightenment period and their vision of man and society, questioning the reality of the affirmation that modernity demonstrates in fact the passage of humanity from darkness to light.

Keywords: Modernity, enlightenment, reason, perfectibility, liberty, man, society.

SUMÁRIO

1. Introdução:

2. Características gerais da filosofia moderna.

a) O Racionalismo

b) O Empirismo

c) A perfectibilidade.

3. Características gerais do iluminismo

a) Liberdade e o fim da opressão.

b) Vulgarização da Filosofia e a literatura clandestina.

c) O Projeto dos Enciclopedistas

4. A compreensão de ser humano e de sociedade no Iluminismo.

a) No homem a perfeição, a autonomia racional e a liberdade natural. .

b) Na sociedade, a moral, a igualdade, a liberdade e a autonomia individual.

5. Conclusão:

Referências Bibliográficas:

1. Introdução:

Os primeiros pontos de luz nas trevas do pensar livre, provocados pela rendição da razão à soberania da fé durante a chamada idade média, são percebidos nas obras de pensadores como Copérnico[1] que, em sua defesa e interpretação da teoria heliocêntrica provocou uma verdadeira revolução. O deslocamento da terra, obra prima do Deus criador, do centro do universo significou que o homem, tido como o supremo ato da criação, deixou também de ocupar seu lugar de criatura sujeito aos caprichos desse Deus. Da mesma forma que Sócrates, Platão e Aristóteles antes deles os filósofos da modernidade chamaram para o âmbito da inteligência e capacidade humana a tarefa de pensar o mundo!

Os historiadores afirmam que o renascimento nos séculos XIV e XV marcado pela redescoberta da arte e literatura grega, o humanismo com sua ênfase no temporal e o consequente colocação do homem no centro da realidade, o repensar da política e estilo de governo marcado pelas obras do Maquiavel[2], o estudo científico e a Filosofia Moderna com sua ênfase do poder racional do homem, sinalizaram um retorno às raízes do pensamento racional e a morte do poder de controle do astrólogo, do mago e da igreja sobre o conhecimento. A sabedoria (o conhecimento) não é mais visto como algo sagrada e mística além da compreensão do homem comum; através do pensar, do raciocinar o homem é capaz de traçar seu próprio destino e caminhar rumo ao conhecimento. No presente texto serão apresentadas características dessa época da jornada humana, será que é de fato uma viagem das trevas à luz ou pode ser considerado o curso natural das coisas à luz do crescer do conhecimento humano?

2. Características gerais da filosofia moderna.

A filosofia da idade moderna nasceu graças aos trabalhos dos protagonistas do renascimento cultural e científico dos séculos XIV e XV entre eles Nicolau Copérnico, Leonardo da Vinci[3], e dos esforços de cientistas e pensadores como Galileu Galilei[4], Francis Bacon[5], René Descartes[6] e Emanuel Kant[7] nos séculos seguintes e tem entre suas características:-

a) O Racionalismo

A filosofia moderna propriamente falando iniciou-se com a teoria do conhecimento do René Descartes. Conhecido como pai da filosofia moderna, parece que ele levou muito a sério as palavras do Leonardo Da Vinci que diz “Quem pouca pensa, muito erra.”! [8] Na Idade Média, na sociedade e na política a Palavra de Deus, considerada fonte única do conhecimento absoluto, foi interpretada pela igreja que dominava todos os aspectos da vida. O renascimento trouxe uma ênfase renovada no desenvolvimento científico e na capacidade humana e a necessidade de uma nova definição do ser humano e seu lugar no mundo. Na modernidade a chamada Idade da Razão então, surgiu à necessidade de redefinir os paradigmas, Descartes na declaração, “penso logo existo”, descrito pelo Prof. Wesley Dourado na palestra “Aspectos Gerais da Filosofia Moderna” [9] como um “ponto arquemédico [...] a verdade inicial da qual se poderá constituir outras verdades” iniciou esse processo. Ele declara que o homem, ser racional por natureza, tem a capacidade de alcançar o conhecimento e mais que isso, sua existência é definida pelo ato de pensar.

Por entender ser possível chegar ao pleno conhecimento através do processo de pensamento racional, Descartes, idealizou um processo de dúvida metódica pelo qual através da rejeição (eliminação) de pensamentos ou ideias em que resida a menor dúvida o homem seria capaz de alcançar o conhecimento. As obras do Descartes formaram a base sobre qual os racionalistas desenvolveram seus processos.

b) O Empirismo

Quando Leonardo Da Vinci afirma que “A sabedoria é filha da experiência” (ABBAGNANO, §388) ele de fato resume em poucas palavras a crença dos empiristas ingleses cujo trabalho antecedeu por quase um século. Francis Bacon, John Locke[10], David Hume[11] e outros pensadores contra posição aos racionalistas do continente europeu desenvolveram e propagavam o raciocínio experimental, ou seja, a teoria de que o único caminho pelo qual o homem pode chegar ao conhecimento é através da experiência sensível (empírica). Marlene Chauí explica que Francis Bacon “propõe a instauração de um método, definido como modo seguro de ‘aplicar a razão à experiência’, isto é, de aplicar o pensamento lógico aos dados oferecidos pelo conhecimento sensível”. (2006 – p.126)

Marlene Chauí afirma que para os empiristas o contato com o mundo externo através de um conjunto de sensações (através dos sentidos) leva a um processo de dedução que possibilita o conhecimento, “O conhecimento é obtido por soma e associação das sensações na percepção e tal soma e associação dependem da freqüência, da repetição e da sucessão dos estímulos externos e de nossos hábitos”. (2006 – p.133) Um fator marcante da modernidade é a separação entre a Filosofia e a Ciência empírica. A ciência moderna, dependente nas experiências desenvolvidas em situações controladas, é empírica por natureza, contrastando-se com o pensamento do Aristóteles que percebia a Metafísica como ciência primeira.

c) A perfectibilidade.

Os precursores da filosofia moderna entre eles Leonardo da Vinci, Copérnico e Galileu acreditaram na perfectibilidade da natureza e defenderam a teoria da perfectibilidade da razão humana. Iniciou-se uma “busca por expressar, entender, explicar pela razão perfeita a natureza perfeita” [12] A ciência renascentista entendeu que pelo fato que Deus criou a natureza é possível conhecer Deus através da natureza e, portanto, produzir conhecimento.

Em sua epistemologia Immanuel Kant sintetizou as teorias do Descartes e os racionalistas continentais e Hume e os empiristas ingleses.

O processo de racionalização, característico da Modernidade, que começara com os renascentistas e com os cientistas, e passara por Descartes e pelos empiristas, podia agora, ser compreendido por Kant como um processo que representava o curso natural da evolução da sociedade. Finalmente o ser o humano estava apto para raciocinar sobre a própria razão. (UMESP 2009 – p.11)

Leonardo da Vinci via nas formas perfeitas da matemática uma maneira de ilustrar a perfeição do corpo humano (o homem vitruviano) e assim tomou o curso da teoria da perfectibilidade. Kant, por sua vez, via na possibilidade do homem chegar à perfeição um processo natural de desenvolvimento rumo ao esclarecimento (Aufklãrung), um processo evolução pela qual o homem atinge sua maioridade, processo que depende não de condições externas, mas, na vontade do homem, só não tem condições de alcançar essa independência os preguiçosos que escolhem permanecer na minoridade sob a tutela intelectual de terceiros.

Embora enfatizando e dando destaque alto à razão e a perfectibilidade humana, Kant e outros filósofos modernos não fizeram nenhuma ruptura dramática dos valores religiosos da idade média. Essa ruptura veio com os Iluministas franceses como Voltaire e Diderot que produziram obras laicas e seculares e, por vezes extremamente críticas da ação de igreja e sua influência opressiva na sociedade e interferência no governo.

3. Características gerais do iluminismo

Danilo Marcondes em sua Introdução à História da Filosofia oferece a seguinte síntese do Iluminismo[13], ou Século das Luzes um movimento do pensamento europeu (mais forte na França) concentrado principalmente nos últimas cinco décadas do século XVIII - “O Iluminismo valorizou o conhecimento como instrumento de libertação e progresso da humanidade, levando o homem à sua autonomia e a sociedade à democracia, ou seja, ao fim da opressão.” (2007. p.210). Tomando de base suas palavras, o iluminismo como movimento dentro da modernidade, mantendo a ênfase na racionalidade, tem características próprias tais como:

a) Liberdade e o fim da opressão.

“a liberdade é condição para que a sociedade siga seu curso natural rumo ao Esclarecimento” (UMESP, 2009 – p.11). A liberdade no pensamento iluminista é a liberdade da qual Kant escreveu em sua resposta a pergunta O que é o Esclarecimento?

Esse esclarecimento não exige todavia nada mais que a liberdade; e mesmo a mais inofensiva de todas as liberdades, isto é, a de fazer um uso público de sua razão em todos os domínios [...] Em toda parte só se vê limitação da liberdade [...] o uso público da nossa razão deve a todo momento ser livre, e somente ele pode difundir o Esclarecimento entre os homens (KANT - p.3).

O pensamento iluminista influenciou os grupos responsáveis por movimentos de libertação no século XVIII, seu efeito foi sentido de maneira muito particular na França e foi um dos fatores catalisadores da Revolução Francesa. A burguesia, educado e gerador de riqueza se via presa sobre o jugo da aristocracia, da monarquia absolutista e da igreja dominantes desde a Idade Média, obrigada a pagar impostos para manter o luxo de poucos ansiava por uma sociedade livre. Achou aliados prontos lutar entre as massas paupérrimas de Paris se levantou em revolta contra a opressão pelo direito de ter liberdade de escolha sobre o curso da própria vida e uma voz no governo do país que ajudou a enriquecer. Voltaire[14] que criticou o absolutismo da monarquia, o poder da igreja e sua interferência no sistema político e influenciou muito o movimento da revolução acreditava que sem liberdade de pensamentos não existe liberdade.

b) Vulgarização da Filosofia e a literatura clandestina.

Autores do Iluminismo francês como Voltaire e Diderot[15], entenderam a vulgarização (popularização) da filosofia e do conhecimento essenciais para o desenvolvimento do homem e, portanto, da sociedade. O conhecimento e principalmente o pensamento iluminista permeavam a sociedade na forma de contos, poesias e ensaios. Os membros da burguesia (novo classe media) francesa que tinha acesso à educação se interessavam em se esclarecer e questionavam a o poder da aristocracia foram os principais leitores desse material.

As publicações, muitas escritas na clandestinidade sob pseudônimos, que espalhavam críticas à igreja, à aristocracia e incentivava o questionamento do absolutismo, foram consideradas subversivas[16], condenadas e, os autores caçados. Voltaire pertencia a uma família nobre fato que lhe dava acesso à aristocracia que criticava, mas, diferentemente a muitos de sua época ele acreditava que o esclarecimento levaria a própria aristocracia a desejar uma sociedade mais justa. Escritor popular, Voltaire escreveu um grande número de contos e usava bem esse recurso literário na divulgação de seu pensamento filosófico, o uso de tom irônico e polêmico atraiu os leitores e irritou as autoridades, a fim de evitar prisão (em comum com os filósofos clandestinos da época) publicou vários de suas obras anonimamente ou sob outros pseudônimos.

c) O Projeto dos Enciclopedistas

Como parte do processo de esclarecimento, os iluministas buscaram disponibilizar a população o conhecimento por tanto tempo controlado exclusivamente pelos doutores[17]. Com o alvo de reunir todo o conhecimento disponível e apresentar à sociedade uma versão perfeito e final, Diderot e d’Alembert[18] publicaram as obras dos melhores autores na “Enciclopédia ou Dicionário lógico das ciências, artes e ofícios” [19], nesse projeto ambicioso “Todo esforço fora realizado sem se perder de vista o objetivo de vulgarização do conhecimento” (UMESP – p.15).

4. A compreensão de ser humano e de sociedade no Iluminismo.

A disponibilização do conhecimento é indicativa do fato de que, no Iluminismo, o progresso (do ser humano e da sociedade) é determinado pela razão através da qual o homem[20] caminha rumo ao conhecimento e os descobertos científicos alcançados tanto pela aplicação da razão como pela experiência empírica. Esses fatos são resultados de, e exercem influencia sobre os conceitos do ser humano e da sociedade mantidos pelos filósofos modernos do Iluminismo.

Nas obras dos iluministas há um retorno aos conceitos da antiguidade e o renovo e repensar desses. Filósofos como Rousseau[21] por exemplo, reformularam os conceitos platônicos e aristotélicos da pólis grega, da participação de todos os cidadãos na política para criar a base da nova sociedade. Em sua obra principal, Do Contrato Social, Rousseau “Afirma [...] que a sociedade funciona como um pacto social, onde os indivíduos, organizados em sociedade, concedem alguns direitos ao Estado em troca de proteção e organização.” [22] Tomando como base a afirmação do filosofo alguns das características principais da compreensão do ser humano e da sociedade nessa época são:

a) No homem a perfeição, a autonomia racional e a liberdade natural. .

De acordo com Danilo Marcondes uma das características fundamentais da filosofia do Iluminismo em relação ao homem é “o individualismo que se baseia na existência do indivíduo livre e autônomo, consistente e capaz de se autodeterminar” (2007- p.208). O homem que de acordo com Rousseau nasce bom é visto no como livre, autônomo, dono de si e capaz de se traçar seu próprio destino.

No primeiro capítulo Do Contrato Social, Rousseau declara “O homem nasce bom, a sociedade corrompe”. A ideia da perfeição natural do homem apresenta um contraste ao conceito da perfectibilidade do homem de outros filósofos modernos que viam a humanidade num caminhar rumo (um progresso racional) à perfeição e um contraste maior aos iluministas franceses que na maioria afirmaram que o homem, embora, nasceu imperfeito, alcançou a perfeição com o advento das ciências e a abertura do conhecimento.

Em seguida Rousseau declara que “o homem nasce livre e por toda parte se encontra acorrentada”. A liberdade natural do homem no pensamento do Rousseau, embora negada historicamente pela ação opressiva da igreja ou do estado, não pode ser retirada, as condições na qual o homem vive podem o acorrentar, mas não muda o fato que nasceu livre!

Nesse tema Marcondes escreve “O grande instrumento do Iluminismo é a consciência individual, autônoma em sua capacidade de conhecer o real” ele percebe em todo o processo do iluminismo a atribuição ao “conhecimento a capacidade de, precisamente, libertar o homem dos grilhões que lhe são impostos pela ignorância e pela superstição, tornando-as facilmente domináveis” afirmando que “O pressuposto básico do Iluminismo afirma, portanto, que todos os homens são dotados de uma espécie de luz natural, de uma racionalidade, uma capacidade natural de aprender, capaz de permitir que conheçam o real e ajam livre e adequadamente para a realização de seus fins.” (2007 – p.207)

Kant no prefácio à 1ª Edição da Critica da razão pura [23] dá sua resposta a pergunta: O que impede o homem de obter o conhecimento que necessita?

Nossa época é propriamente a época da crítica, à qual tudo tem de submeter-se. A religião por sua santidade, e a legislação, por sua majestade, querem comumente esquivar-se dela. Mas desse modo suscitam justa suspeita contra si e não podem ter pretensões àquele respeito sem disfarce que a razão outorga àquilo que foi capaz de sustentar seu exame livre e público. (Kant CRP - Apud. Marcondes – 2007 p.207-208).

É justamente o “exame livre e público” do conhecimento disponível proposta pelos iluministas francesas que é garantem a liberdade e autonomia do homem rumo à perfeição e, portanto, a construção de uma sociedade baseada na liberdade e na igualdade.

b) Na sociedade, a moral, a igualdade, a liberdade e a autonomia individual.

Para Kant a sociedade composta de homens esclarecidos abre a possibilidade da criação de uma sociedade moral baseada no livre e irrestrito uso da razão na esfera publica “o uso público da nossa razão deve a todo momento ser livre, e somente ele pode difundir o Esclarecimento entre os homens” (Kant – p3). Para Kant, não pagar impostos para não concordar com os mesmos, ou agir de qualquer forma contra a ordem da sociedade pode ser considerada crime e, até sujeitar o homem a uma punição, mas, não lhe tire o direito de uma opinião particular (o uso da razão privada), mas isso deve ser restrita a manifestações eruditas em momento oportuno e não ser motivo de escândalo público. Da mesma forma um soldado pode não concordar com as razões que provocaram a batalha na qual esteja lutando, mas, no momento da batalha ele deve suspender temporariamente sua razão pessoal e obedecer a seu comandante em nome da razão pública (coletiva).

Enquanto Kant respondia que a humanidade vivia num a época de esclarecimento.

Quando se pergunta, portanto; vivemos atualmente numa época esclarecida? A resposta é: não, mas numa época de esclarecimento. Muito falta ainda para que os homens, no estado atual das coisas, tomados conjuntamente, estejam já num ponto em que possam estar em condições de se servir, em matéria de religião, com segurança e êxito, de seu próprio entendimento sem a tutela de outrem. Mas que desde já, o campo lhes esteja aberto para mover-se livremente, e que os obstáculos à generalização do Esclarecimento e à saída da minoridade que lhes é auto-imputável sejam cada vez menos numerosos, é o que temos signos evidentes para crer (Kant –p.7).

Rousseau e os iluministas franceses eram da opinião que a humanidade já possuía todo o conhecimento necessário para a constituição de uma sociedade perfeita. Junto com a noção da perfectibilidade do homem chegava à certeza do sucesso do desenvolvimento social e científico da sociedade. Embora partindo de pontos diferentes os iluministas franceses e Rousseau, visavam o mesmo resultado o homem livre vivendo numa sociedade livre da opressão.

Enquanto a maioria dos pensadores iluministas afirmou o homem esclarecido através da filosofia, da ciência, e da educação que foram dadas a tarefa de remover os obstáculos (fato confirmado nas obras de Voltaire e Diderot), pronto para transformar a sociedade, Kant falava de um processo de esclarecimento e Rousseau afirmava que a criança nasce boa, mas é corrompida pela sociedade, para ele a resposta para o aperfeiçoamento da sociedade, proposta no livro Emílio, é coisa do futuro é também um processo. A resposta é o isolamento das crianças para educação e a reinserção delas na sociedade na fase adulto, somente elas terão alcançado a perfeição necessária para mudar a sociedade.

5. Conclusão:

A filosofia moderna coloca a razão, sujeito a exigências da fé na idade média, em liberdade e por fim à dependência do ser humano possibilitando seu esclarecimento, colocando o conhecimento ao seu alcance. Representa (na Europa ocidental) uma retomada do pensamento da antiguidade e libertação do conhecimento do controle da igreja poderosa dispensadora da graça divina na idade média.

Embora represente um retorno do pensamento racional à supremacia, e, em particular um novo olhar ao pensamento platônico, a filosofia moderna em declarar que o conhecimento é acessível e alcançável a todos e não faz separação entre o mundo sensível das coisas e o mundo intangível das ideias. Na antiguidade Platão e Aristóteles visaram à formação de uma sociedade perfeita e feliz através da ação conjunta em prol do bem comum (ação política) na polis. Os habitantes da pólis foram considerados homens esclarecidos, esse esclarecimento foi reservado apenas os cidadãos gregos, não foram incluídos as mulheres, as classes trabalhadoras e muito menos os escravos. A filosofia moderna e o iluminismo não restringiam o conhecimento a uma elite social, religiosa ou intelectual, o colocaram ao alcance de todos que desejavam sair da minoridade, da dependência do tutelar de outros. A sociedade moderna (perfeita) seria o resultado do esclarecimento de todos.

Finalizei a introdução desse texto perguntando se essa época da jornada humana pode ser considerada de fato, como interpretada posteriormente pelos historiadores, uma viagem das trevas à luz ou deve ser interpretado como curso natural das coisas à luz do crescer do conhecimento humano? Estou da opinião que a interpretação retrospectiva é falível, porque sempre apresenta a coloração da opinião pessoal do interprete e a própria história nos mostra que, mesmo com todo o esclarecimento da idade moderna a sociedade está longe de romper todas as trevas da ignorância e da opressão. Mesmo não considerando a passagem um rompimento radical, é claro que os efeitos na caminhada do ser humano rumo ao conhecimento pleno foram grandes. Para mim, os pensadores modernos, os radicais iluministas fizeram sua parte da caminhada da humanidade, são responsáveis em grande parte pelo despertar política na Europa, o desenvolvimento científico e principalmente por disponibilizar a população em geral, conhecimento ora restrito aos eruditos.

Referências Bibliográficas:

1. ABBAGNANO, Nicola – História da Filosofia, vol. VI. Lisboa -1970: Editorial Presença. Versão eletrônica:

http://www.4shared.com/file/41469479/2b8af9b8/Nicola_Abbagnano_-_Historia da filosofia_06.html – Acesso em 31.08.2009.

2. CHAUÍ, Marilena Convite à Filosofia –Editora Ática -13ª ed. 2006.

3. Dados biográficos -

http://www.suapesquisa.com - acesso em 06/09/2009 e 13/09/2009

http://www.mundodosfilosofos.com.br - acesso em 06/09/2009

http://educacao.uol.com.br/biografias - acesso em 07/09/2009

http://www.e-escola.pt/personalidades - acesso em 07/09/2009

4. KANT, Immanuel – Resposta à pergunta: O que é o Esclarecimento? – Tradução – Luiz P. Rouanet. Disponível em http://br.geocities.com/eticaejustica/esclarecimento.pdf - Acesso em 06/09/2009

5. MARCONDES, Daniel – Iniciação à História da Filosofia – Rio de Janeiro – Editora Jorge Zahar 11º Ed. – 2007.

6. PANSARELLI, Daniel et. al. – Conhecimento e Metafísica: do Iluminismo à Atualidade: Leitura de Filosofia. – São Bernardo do Campo, UMESP – 2009.



[1] (1473-1543) Nicolau Copérnico nasceu em Torun, Polônia, estudou em Cracóvia, Bolhonha, Pádua e Ferrara laureando se em direto canônico em 1503. Obra mais importante De revolutionibus orbium coelestrim.

[2] Principalmente na obra O Príncipe.

[3] (1452-1519) Artista italiano, filho ilegítimo de Pedro da Vinci com uma camponesa chamada Caterina, Leonardo Da Vinci foi um dos mais importantes pintores do Renascimento Cultural e passou seus últimos anos na França numa casa cedida pelo rei Francisco I. É considerado um gênio, pois se mostrou um excelente anatomista, engenheiro, matemático músico, naturalista, arquiteto, inventor e escultor. Seus trabalhos e projetos científicos foram registrados, muitas vezes em código, em livros de anotações, e foi como artista que conseguiu o reconhecimento e o prestígio das pessoas de sua época.

[4] Grande Físico, Matemático e Astrônomo, Galileu Galilei nasceu na Itália no ano de 1564. Durante sua juventude ele escreveu obras sobre Dante e Tasso. Descobriu a lei dos corpos e enunciou o princípio da Inércia. Foi um dos principais representantes do Renascimento Científico dos séculos XVI e XVII.

[5] (1561-1626) Francisco Bacon o iniciador do Empirismo inglês nasceu numa família que servia a família real, eu pai sendo tutor chefe do jovem Edward VI. Bacon estudou em Cambridge e Paris e iniciou carreira como político e jurista no reinado da Elizabeth I. Sua posição filosófica apelou para a metafísica tradicional, grega e escolástica, aristotélica e tomista.

[6] (1596-1650) René Descartes nasceu em La Haye, França e estudou no então famoso colégio jesuita La Fleche. Decepcionou-se com a Filosofia Escolástica que não o levava a nenhuma verdade indiscutível "Não encontramos aí nenhuma coisa sobre a qual não se dispute". Só nas matemáticas encontrou as verdades absolutas: "As matemáticas agradavam-me sobretudo por causa da certeza e da evidência de seus raciocínios". Dedicou-se na aplicação do mesmo rigor ao pensamento racional e desenvolveu seu próprio método científico a ser aplicado para provar a veracidade dos fatos apresentados.

[7] (1724-1804) Filosofo alemão, Immanuel Kant, nasceu e morreu na cidade de Königsberg. Depois de um longo período como professor secundário, começou em 1755 a carreira universitária ensinando Ciências Naturais. Em 1770 foi nomeado professor catedrático da universidade de Königsberg, levando uma vida dedicada aos estudos filosóficos. Realizou numerosos trabalhos sobre ciência, física, matemática, etc. É conhecido pelo desenvolvimento do idealismo transcendental, da filosofia moral e uma teoria sobre o desenvolvimento do sistema solar.

[9] Disponível no UMESP:AVA – Atividades Complementares – seu espaço de compartilhamento sócio-cultural.

[10] (1632-1704) John Locke foi filho de um advogado que lutou com os Parlamentaristas na Guerra Civil Inglesa. Foi aluno da famosa escola de Westminster e estudou filosofia, ciências naturais e medicina na Universidade de Oxford. Em 1665 foi enviado para Brandenburgo como secretário de legação e mais tarde para a França no serviço do Lord Shaftesbury onde conheceu as personalidades da cultura francesa do "grand siècle". Em 1683 refugiou-se na Holanda, onde participou no movimento político que levou Guilherme de Orange ao trono da Inglaterra. De volta à pátria dedicou-se aos estudos filosóficos, morais, políticos.

[11] (1711-1776) David Hume nasceu na Escócia, em Edimburgo e pertencia a uma família abastada. Fez bons estudos no colégio de Edimburgo - um dos melhores da Escócia, em seguida transformado em universidade -, cujo professor de "filosofia", isto é, de física e ciências naturais, Stewart, era um cientista discípulo de Newton. Hume quis ser o Newton da psicologia. O subtítulo de seu Tratado da Natureza Humana é, nesse sentido, bastante esclarecedor: "Uma tentativa de introdução do método de raciocínio experimental nas ciências morais”

[12] Citação extraída da tele aula do dia 25/08/2009 – Prof. Daniel Pansarelli.

[13] Embora reconhecida a influência do pensamento Iluminista na sociedade de vários países entre eles os EUA e “Declaração de Independência” de 1776 a ênfase e a exemplificação no presente texto será do efeito do Iluminismo Francês.

[14] (1694-1778) Voltaire era o pseudônimo de François-Marie Arouet, importante escritor e filósofo nasceu e morreu na cidade de Paris. Membro de uma família nobre francesa estudou em colégio jesuíta onde aprendeu latim e grego. Influenciado por Isaac Newton e John Locke Escreveu diversos ensaios, romances, poemas e até peças de teatro. Defendia as liberdades civis (de expressão, religiosa e de associação) e foi um defensor do livre comércio, contra o controle do estado na economia.

[15] 1713-1784 Denis Diderot. Educado em colégio de jesuítas, recebe sólida instrução humanística. Em 1732 instala-se em Paris e ganha a vida como tradutor. Depois, dedica-se à direção editorial da Enciclopédia. Diderot, como iluminista, tinha fé no progresso contínuo e certeza de que a chave para decifrar os enigmas do mundo estava com a ciência. Ele manteve a opinião que a religião deve exercer apenas a tarefa de colocar regras para o comportamento prático do homem e a tarefa de eliminar as desigualdades seria da política e da arte enquanto na tecnologia residia o futuro econômico da sociedade.

[16] sendo um dos fatores fomentadores da Revolução Francesa.

[17] Nome dado por Voltaire aos Doutores Teológicos os Escolásticos da Idade Média.

[18] 1717-1783 Jean Le Rond d’Alembert. D'Alembert estudou teologia no Collège des Quatre Nations e formou-se em Direito, depois descobriu a sua vocação para a Matemática e Física e fez importantes contribuições às pesquisas nos campos de mecânica e astronomia. Foi membro da Académie des Sciences e da Académie Française, de que foi eleito secretário perpétuo em 1752. Foi amigo e correspondia regularmente com renomados iluministas como Voltaire e Rousseau

[19] A publicação da Enciclopédia foi um importante passo na preparação ideológica para a Revolução Francesa

[20] Sinônimo do ser humano.

[21] (1712-1778) Jean-Jaques Rousseau – Nasceu em Genebra, Suíça e morreu na Ermeoville, França. Embora Suíço, sua filosofia influenciou a revolução francesa. Após perder os pais estudou numa rigorosa escola onde desenvolveu grande interesse na literatura a na música. Ainda jovem foi morar em Paris teve contatos com a elite intelectual da cidade. Ao convite do Diderot escreveu alguns verbetes para a Enciclopédia. Em 1762 suas obras foram consideradas uma afronta aos costumes morais e religiosos, ele começou a ser perseguida na França. Foi primeiramente para Neuchâtel, Suíça e em 1765, convidado por David Hume, foi morar na Inglaterra, voltando à França em 1767. Escreveu, além de estudos políticos incluindo sua obra principal Do Contrato Social, romances e ensaios sobre educação, religião e literatura.

[23] 1781 – Ver III.6